quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Um desabafo de 2016

Nada melhor do que chegar ao final do ano, vivo de alguma forma, e fazer uma retrospectiva.

Infelizmente nem todos tem a chance de fazer isso, e alguns preferem nem fazer. Mas por diversos motivos, eu decidi relembrar e esclarecer algumas coisas sobre o meu ano nesse post.

Começarei pelo "prólogo", vulgo 2015.

Ano passado conquistei uma bolsa na faculdade via ProUni. Acho importante falar o que penso sobre isso, e em seguida concluir com a minha experiência lá.
Vendo o caos político e econômico atual, não acho que eu seja um real merecedor dessa bolsa. Afinal, não trabalho e ainda conquistei isso com uma nota no ENEM que, pelo menos eu vejo assim, não era muito competitiva (610). No meu ponto de vista, foi uma conquista até muito fácil; mas isso não significa que vou desistir. Afinal, é melhor uma conquista do que nenhuma. Fora que o meu interesse nos estudos é evidente, apesar do meu vício em videogame ainda falar bem alto. Quero fazer valer o que obtive, em honra às pessoas à minha volta.
Logo ao entrar na sala, vi que estava rodeado de pessoas bem diferentes umas das outras. De alguma forma, no começo todos se davam bem. Mas a partir de 2016 as coisas mudaram, e houve uma segmentação gradativa entre as pessoas e inclusive eu.

O começo de 2016 foi próspero: Meu aniversário de 20 anos, mudanças na política e economia, um novo semestre sem pendências... Tudo parecia bem. Mas aí que entra minha problematização.
A partir da data do meu aniversário, muitas coisas mudaram de uma hora pra outra. Algo que não esperava, pois eu estava ansioso por mais um ano de vida mas acreditava que nada mudaria - além de mais fios de cabelo brancos.
Digamos que o meu meio social tornou-se mais turbulento. Brigas, discussões, preconceitos e tantas outras variações de chatisse predominaram no primeiro semestre desse ano, tendo uma das grandes influências o impeachment da atual ex-presidente Dilma Rousseff. Isso, aliado ao calendário acadêmico corrido devido às Olimpíadas, fez com que muitos se estressassem. E eu estava ali, na linha de fogo.
Posso afirmar que, se de 2015 pra 2016 eu fiz inimigos, ao final do primeiro semestre do ano eu fiz muito mais. E é complicado apontar erros aqui. Só tenho essa certeza.
Não digo que sou a pessoa mais sociável, mas na minha perspectiva, muitos fatores fizeram com que as pessoas, mais do que em 2014 e 2015, se dividissem em minorias/grupinhos e não aceitassem o que vem de fora. Isso me deixou em uma situação estranha, pois acabei enxergando que eu não me identificava com nenhum dos diferentes tipos de pensamento. Mesmo assim, pratiquei o respeito sempre que possível, "explodindo" apenas nos momentos que eu considerava de extrema ignorância ou quando me sentia muito incomodado, mesmo exercitando a calma.

A passagem para o segundo semestre desse ano foi "tranquila".
Apesar de me ver cada vez mais sozinho, eu não ligava para isso. Afinal, eu tinha/tenho um objetivo e estava/estou disposto a cumpri-lo de qualquer forma. Eu sabia que, do "lado de fora", muita coisa estava acontecendo e, como um soldado que opta pelo caminho mais longo até as trincheiras, fui desviando de muitos conflitos. Em resumo, fui me isolando cada vez mais. E esse exemplo que dei foi bem poético. *palmas*
No começo das aulas minha mudança de comportamento ficou aparente e atraiu alguns olhares, senão todos. Isso é outra coisa que eu não esperava, pois imaginava que cada um cuidaria de si. Mesmo assim optei por não dar importância a isso: Eu queria ficar sozinho. Afinal, dessa forma eu estaria passando longe dos problemas dos outros e cuidaria dos meus, sem ninguém precisar saber.
Quando achava que as coisas já estavam ruins, o mundo à minha volta deu um jeito de piorar. Com a vinda do novo governo, redes sociais foram à loucura e de alguma forma as pessoas conseguiram se dividir ainda mais. A divisão mais aparente é a política, mas a ignorância humana atingiu o ponto de envolver divisões sociais (lê-se raciais, sexuais) e até econômicas nesse meio. Basicamente, para eu me relacionar com grupo X, tenho que atingir um certo número de requisitos que envolvem a minha opinião, o que eu aparento ser, e o que eu possuo.
Já fui muito discriminado por toda a vida, pelo fato de ser descendente de japoneses e ser calmo (logo, as pessoas abusam). Porém esse cenário atual conseguiu mexer comigo. Um belo exemplo que acabo desabafando em algumas conversas, é que fui rejeitado por um grupo pelo fato de eu "fazer muita coisa". Mas seria por isso mesmo? Ou seria por um conjunto de fatores envolvendo o meu "eu"?
Toda essa conturbação me deixou bem chateado e desmotivado. E mesmo arranjando um grupo, eu ainda não estava bem. Eu sentia que havia algo errado, e hoje vejo claramente o que é.

Tenho formação técnica em Comunicação Visual. Isso não me faz melhor que ninguém. Porém, sou especializado em alguns assuntos tratados no curso, e é justamente isso que atrai os olhares - não o que sou.
Por mais que meu grupo desse semestre tenha me recebido de braços abertos, com um discurso esperançoso onde eu não estaria sozinho e poderia me empenhar com vontade, eu ainda me sentia sozinho a todo instante. Essa desconfiança sobre os interesses não me deixava à vontade. No final, percebi que eu era apenas uma "ferramenta" pela maneira no qual fui tratado: Durante 2 trabalhos desenvolvidos com o mesmo grupo, ameaçaram me expulsar por motivos bem bestas e até fui xingado por áudio no Whatsapp. Na minha situação, receber esse tipo de tratamento, mesmo exercendo meu trabalho pelo grupo, não foi nem um pouco agradável.

No final das contas, posso afirmar que meu 2016 não foi nada prazeroso como eu queria que fosse. Eu me sinto no tempo e lugar errado (e quando digo lugar, é em um contexto geral).

Mas para tudo se há uma solução, não?
Eu tenho um problema com as pessoas. O que faço? Me isolo delas. Tenho um problema com a sala. O que faço? Saio dela.
Mas aí entram alguns questionamentos pessoais: O fato de eu me isolar está sendo realmente bom? E se eu sair de lá, pra onde vou?

Recentemente fui informado que irão transferir as turmas de outro campus para o meu, fazendo com que haja uma superlotação no prédio. Aqui me dividi em duas perspectivas: 1) Mais pessoas, mais chances de contato; 2) Permanecer por mais 6 meses em uma sala, superlotada, no qual não me dou bem.
Quando falamos de tempo e opções, as escolhas devem ser muito cautelosas. Minha ideia é ir pro turno matutino. Mas será que vai valer a pena, ou será que passarei pelas mesmas coisas que já estou passando?

Enfim, apesar de parecer tranquilo, neste final de ano estou carregado de indecisões e fatos que trabalham com a sorte, que é algo complicado de se arriscar. Me vejo perdido em um meio social cada vez mais complexo e fechado às minorias, que, na minha opinião, nem deveriam existir. Afinal, quando crianças aprendemos que sempre devemos respeitar e incluir o próximo independente de sua raça, religião, cor de pele e outros elementos, não?

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